Artaud e o México

Resumen:
Portugués

O presente trabalho mira delinear o conceito de cultura nos escritos de Antonin Artaud (1896-1948), sobretudo como este emerge no interior da experiência de sua viagem ao México, realizada no ano de 1936. Viagem que se desloca ao mesmo tempo no espaço geográfico e no domínio do imaginário, ela produz uma verdadeira abertura para o pensamento crítico. Cansado da decadência do espírito europeu – guardião de uma consciência separada, calcada na especialização da ciência em diversos ramos – Artaud pisa no solo mexicano à procura de uma forma vital de cultura. Para o poeta francês, a cultura não se encontra contida nos livros e nas filosofias, mas é imediatamente devoração. Ou melhor, contra as correntes hegemônicas do saber ocidental, nele se apresenta uma concepção unitária da cultura, na qual pensar, dormir, sonhar e comer são uma única e mesma coisa, e atendem necessariamente a um único e mesmo plano fundamental, a saber: a vida. A cultura, então, na realidade, corresponde a uma modificação integral do ser humano. Artaud, em seu humanismo revolucionário, ao redefinir a palavra cultura, faz um corte político, e tal empreendimento desemboca em duas operações principais, intimamente interligadas: I) uma nova ideia de homem e II) um novo conceito de revolução. Inspirado pela tradição dos povos originários, Artaud compreende o homem enquanto um ser catalisador do universo, e a revolução que ele deseja levar a cabo não é a da substituição de uma classe pela outra, meramente técnica e econômica, através da tomada do Estado, como apregoa o marxismo; antes se trata de uma transformação total da cultura, isto é, uma modificação de nossos modos de ler a vida e de colocar o seu problema. Portanto, um novo conceito de homem casa com um novo conceito de revolução, e esses dois conceitos saltam, forçosamente, de uma base cultural radicalmente reformada.

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Disciplinas:
Filosofía y pensamiento

Descriptores:
FILOSOFÍA CULTURAL - HUMANISMO - CAMBIO CULTURAL - ARTAUD, ANTONIN

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